FILOSOFIA – AMOR
PELA SABEDORIA
PROFª Adalgisa Sales
Em meio a tantas crises existenciais,
o homem contemporâneo esqueceu de sua maior virtude: o amor.
Existem várias definições nos
dicionários para a palavra amor: sentimento que impele as pessoas para o que
lhes afigura belo, digno ou grandioso / Afeição, grande amizade, ligação
espiritual / Carinho / Desejo sexual...etc. Mas o que significa este sentimento
no mundo das idéias filosóficas? O que é amor para o filósofo e qual o
verdadeiro significado deste sentimento para a nossa vida?
Amar está além das aparências, do
corpo e da beleza exterior. Amar, para alguns filósofos, é buscar o que nos
falta. Acabar com a carência da alma, procurar inquietar o que tanto alardeia:
o vazio do espírito humano. É um sentimento evoluído, que somente pessoas
evoluídas conseguem senti-lo. Longe da visão romântica que conhecemos, amar não
é precisar do outro porque simplesmente aprecia a companhia. Amar é necessitar
da presença do outro, pois as almas se completam e sozinho o mundo não tem
sentido.
"Até mesmo na palavra Filosofia há
relação com este sentimento: amor pela sabedoria. Sofia é sabedoria e Filia é
um tipo de amor, que não é carnal, mas o amor da busca, do desejo; é o amor da
inquietação". O amor de amigo.
Então, o
filósofo, enquanto praticante da Filosofia, é aquele que inquietamente busca
por algo, que não se conforma e procura saber sempre mais. Assim nasce a
Filosofia. É o amor pela sabedoria entendido como um desejo equilibrado por
procurar conhecer mais.
Citando Platão, em "O
Banquete": O pensador diz que o amor é a tônica do filósofo, que busca
pelo conhecimento de uma maneira sensata, sem cair no desequilíbrio. "Pitágoras,
que muito influenciou a obra de Platão, dizia que o perigo do amor está
justamente na desmedida e no desequilíbrio". "O que mata qualquer
relação é quando a pessoa se dedica ao relacionamento em busca de uma posse. É
o ciúme possessivo nos dias de hoje". dessa forma, o indivíduo não ama
amar o outro, ele ama a "coisa outro". Isso não é amor, pois amor não
é posse.
... o verdadeiro amor para os seres
humanos também é um sentimento de busca pelo que nos falta, sendo que esta
lacuna pode ser preenchida por diversos tipos de objeto. Emocionalmente, amar é
buscar no outro um alguém que supra nossas carências afetivas e espirituais.
Mas se o amor em si é um sentimento
muitas vezes compreendido de maneira errônea pela sociedade, ainda mais mal
interpretado é o ponto de vista de Platão a esse respeito. Para muitos, amor
platônico é aquele não alcançado, que fica apenas na vontade, longe do objeto
de desejo, uma quimera. Contrariando o senso comum, que enxerga esse sentimento
como algo sensível e intocável, "o amor platônico é aquele que não se fixa
no transitório, no corpo, na matéria. Mas sim o que supera tudo isso".
Assim que se fixa no corpo, confundimos o amor com paixão. Só que a paixão
acaba, enquanto o amor é eterno. Uma paixão acaba com a morte do corpo, já
aquilo que você realmente aspira e deseja, que é a beleza na alma, sempre vai
existir.
Na visão de Platão o verdadeiro amor é
o da alma pelo conhecimento e pelo lado espiritual da vida, relacionado a uma
lembrança. Segundo o pensador, o verdadeiro amor é um impulso de vida para a
sabedoria e não necessariamente para uma pessoa".
Fonte: "Não sabemos mais amar?", publicada na revista
"Filosofia - Ciência e Vida"
Jornalista Talita Cícero
Entendendo a Filosofia
A
Filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado,
fechado em si mesmo. A Filosofia é uma maneira de pensar e é também uma postura
diante do mundo.
Quando
surgiu entre os gregos, no século V ou VI a.C., a filosofia englobava tanto a
indagação filosófica propriamente dita, quanto aquilo que hoje é chamado de
conhecimento científico. O filósofo refletia e teorizava sobre todos os
assuntos, procurando responder não só ao porquê das coisas, mas, também, ao
como, ou seja, ao modo pelo qual elas acontecem ou "funcionam".
Ela é uma
forma de observar a realidade que procura pensar os acontecimentos além da sua
aparência imediata. Ela pode se voltar para qualquer objeto: pode pensar sobre
a ciência, seus valores e seus métodos; pode pensar sobre a religião, a arte; o
próprio homem, em sua vida cotidiana. Essa reflexão permite ir além da pura
aparência dos fenômenos, em busca de suas raízes e de sua contextualização em
um horizonte amplo, que abrange os valores sociais, históricos, econômicos,
políticos, éticos e estéticos.
Filosofia
é um jogo irreverente que parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz
perguntas inoportunas, abre a porta das possibilidades, faz entrever outros
mundos e outros modos de compreender a vida. Por isso, a Filosofia incomoda,
pois ela questiona o modo de ser das pessoas, das sociedades, do mundo.
Excelente texto, gostei muito de ler devagar cada detalhe, depois de 3 vezes eu vi que já tinha entendido o texto por completo. Muito bom! :3
ResponderExcluirRealmente um lindo texto.
ResponderExcluirperfeito
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